A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo a entidade, não há qualquer justificativa econômica para a medida, que pode causar sérios prejuízos à indústria nacional, fortemente conectada ao sistema produtivo americano. Em nota, a CNI desmentiu declarações do ex-presidente Donald Trump, que afirmou haver vantagem comercial do Brasil sobre os EUA. A Confederação destacou que os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos e que, em 2023, a tarifa média brasileira sobre produtos norte-americanos foi de apenas 2,7%.
QUEDA
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) também se posicionou contra a medida, alertando que a mesma pode provocar demissões, queda na produção e prejuízos nas cadeias produtivas dos dois países. A Amcham reforçou a importância de uma solução negociada, lembrando que o comércio bilateral tem beneficiado mais os EUA, com saldo positivo de US$ 29,2 bilhões em 2024. A decisão americana também teve motivação política. Trump mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro ao justificar a tarifa e acusou o Brasil de ataques às eleições dos EUA. Além disso, ameaçou sobretaxar países que integrem os Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, elevando ainda mais as tensões comerciais.
CARTA
Em 9 de julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, com início previsto para 1º de agosto. A decisão foi comunicada por carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgada publicamente. Trump alegou motivos políticos e acusou o Brasil de atacar a democracia americana, além de criticar o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e decisões do STF.
SOBERANIA
O Governo reagiu com firmeza, classificando a medida como uma violação da soberania nacional e um ato de interferência nos assuntos internos do país. O presidente Lula anunciou a aplicação de tarifas recíprocas, com base na Lei de Reciprocidade Econômica, e afirmou que o Brasil buscará apoio na Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a medida americana. O aumento das tarifas deve afetar setores importantes da economia brasileira, como o de café, carne e têxteis, e gerar instabilidade nas relações bilaterais. A retaliação mútua pode intensificar tensões diplomáticas e comerciais, colocando em risco o equilíbrio econômico entre Brasil e Estados Unidos, parceiros tradicionais no comércio internacional.
Luiz Carlos Motta
Presidente da Fecomerciários